24 de março de 2011

Colega de ministério, amigo ou irmão?

Tenho pensado muito sobre o ministério e cooperação pastoral nos dias de hoje, afinal de contas em nenhum tempo vimos tanta gente pregando e falando de comunhão.

A falta de comunhão tem sido um problema a se resolver e está totalmente contextualizada a ideia de uma busca por koinõnia ( comunhão) bíblica.

Eu fico pensando naquela máxima de que ninguém pode dar o que não tem, e me pergunto será que se nós líderes fossemos mais unidos, os que pastoreamos também não seriam? E as igrejas como um todo também não?

O problema é que muitos de nós estamos mais voltados para os nossos projetos e eles até parecem muito mais importantes que o reino, e na frente de nossas queridas ovelhas nos tratamos como "colegas" literalmente, como alguém que comunga da mesma "profissão" e que pertence a uma classe e nada mais tem em comum...

Colega é o grau mais simples de um relacionamento, no dicionário Aurélio a palavra tem o significado de alguém que partilhe da mesma profissão.

Talvez alguns de nós consideremos a palavra própria, por nos enquadrarmos em seu significado, porém não existe base bíblica nenhuma essa expressão tão mal usada.

Às vezes conseguimos nos tratar como amigos, que torcem uns pelos outros, desejam que os outros sejam bem sucedidos, mas somos tão ocupados que o máximo de contato que temos é um telefonema ( para descarregar a consciência) e quando muito um momento de oração (ao telefone mesmo). Queremos até que esses amigos sejam uma bênção, mas não podemos fazer nada por eles pois estamos muito entretidos com nossos afazeres.

Amigos choram juntos, sofrem pelos problemas uns dos outros, estendem as mãos, tem momentos de oração, guardam segredos, partilham o pouco, distribuem o muito, se alegram com o sucesso, e ajudam no fracasso, torce tanto pelo amigo como por si mesmo.

Como disse o poeta “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração”.

Talvez essa fosse uma relação interessante, a bíblia nos exorta a termos e sermos amigos, mas será que esse tipo de elo que Jesus espera de seus obreiros? Será que a bíblia nos diz para sermos só amigos?

A bíblia fala de corpo, não de vários corpos, fala de uma igreja "universal" que é única e o cabeça é Jesus, fala em trabalharmos pela mesma obra, com a mesma intenção e com cooperação.

Será que um relacionamento de amizade nos faz chegar a esse patamar?

A bíblia não nós dá espaço para nos chamarmos de colegas, e muito menos amigos, segundo as escrituras somos irmãos, e devemos nos portar como tais, lembrando que Dele por Ele e para Ele são todas as coisas.

Esse relacionamento de irmãos deve ser nossa marca, deve ser nosso estilo de vida, cada igreja é extensão da minha, pois é lá que está meu irmão, e que irmão não pode fazer da casa de seu irmão sua casa?

Será que portar-se como obreiro aprovado também não requer viver um nível diferente de relacionamentos? Será que esta “irmandade” que vivemos é a neotestamentária?

Vejo hoje que muitos de nós ao invés de estendermos as mãos aos colegas caídos tripudiamos diante de sua queda, ao invés de sofrer pelo outro, parece que a queda do irmão nos conforta, não sei se por menos um “concorrente” para o ministério, ou se porque precisamos ver que existem pecadores como cada um de nós...

E essas reflexões me fazem como sempre mergulhar na Palavra de Deus e chegar a algumas conclusões:

E nessa empreitada que estamos envolvidos só temos um vencedor, lutamos por um mesmo General, com as mesmas armas, contra o mesmo inimigo.

Talvez a grande dificuldade da comparação com um exército é que a maioria quer ser comandante, quer ter mais estrelas, e poucos querem ser soldados, mas Ele chamou uns para uma coisa e outros para outras, e como é difícil entender isso.

O nosso objetivo é, nesta irmandade bíblica, exaltar nosso Salvador, usando todas as nossas ferramentas para que Cristo, Senhor de nossas vidas seja refletido em nosso ministério e nos nossos relacionamentos.

Não sejamos colegas, nem somente amigos, mas busquemos o relacionamento de irmãos em Cristo, e assim talvez alcancemos a tão sonhada comunhão bíblica em nossas igrejas, pois como diziam no tempo em que eu era militar, o exemplo vem de cima, Cristo já fez a sua parte, agora é conosco...
Alípio - servo

2 comentários:

  1. Irmão Alípio! Que reflexão maravilhosa! Vc conseguiu exprimir o que venho pensando há muito tempo! Que o Senhor restaure em nós, Seus filhos,o conceito de igreja e de "família da fé".

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